Observador Isento (Unbiased Observer)

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Tuesday, November 08, 2005

A civilização dos supermercados

Uma das características mais marcantes da atualidade é a crescente importância e influência dos supermercados, pelo menos no mundo ocidental, que seguramente acabará ficando conhecido historicamente como a civilização dos supermercados, porque as pessoas vão progressivamente se acostumando a acorrer aos supermercados sempre que precisam de alguma coisa, qualquer que seja, antes de irem procurar as soluções de seus problemas de outra forma. E também porque todos procuram os supermercados sempre que se apresenta a previsão de um problema qualquer, como chuvas intensas, enchentes, epidemias, escassez de qualquer coisa, etc.
Cidade que se preza hoje em dia tem que ter pelo menos um supermercado. As velhas mercearias, quitandas, padarias, os açougues, vão todos cedendo espaço, tanto no sentido literal quanto no de desistirem do negócio, fechando as portas por não suportarem a concorrência.
Os supermercados, por sua vez, vão assumindo proporções gigantescas, a maioria deles vendendo tudo o que se pode imaginar e chegando a competir com lojas de departamentos, lojas especializadas de todos os tipos, e até mesmo farmácias, restaurantes e lanchonetes, lavanderias e tudo mais.
Os supermercados chegam a ser lugar de passeio para muita gente. Muitos têm seções de vendas de livros e revistas, lugar para crianças brincarem enquanto os pais fazem compras e até agências bancárias, cobrindo todas as necessidades do cidadão médio num mesmo local.
Muitos supermercados são hoje parte de amplas cadeias, como é o caso do Pão de Açúcar, do Carrefour, do Sendas, e outros. Os que viajam para os Estados Unidos num instante se familiarizam com os supermercados das cadeias Publix, Giant Eagle, Wal Mart, KMart e outras, sendo frequentes as menções a elas nas conversas que ouvimos.
E com os supermercados tudo vai se padronizado, os pequenos produtores vão sendo substituídos pelos grandes fornecedores, a economia de escala passa a preponderar, frequentemente com benefícios econômicos mas ao mesmo tempo com pêrdas em têrmos de qualidade e diversidade.
É, como disse, uma verdadeira civilização dos supermercados esta em que estamos vivendo, e à qual por sinal aderimos sem qualquer problema e de bom grado. Alguns tipos de estabelecimentos ainda resistem onde podem, como as padarias que oferecem pão recém produzido a horas certas para um público mais ou menos restrito ao seu redor, mas não se sabe por quanto tempo. Fica apenas a lembrança e eventualmente a saudade daqueles tempos das pequenas lojas, dos botequins nas esquinas. Nossos filhos ainda se lembram do bar da esquina onde compravam doces, pão, leite e balas, mas nossos netos vão ter dificuldade para imaginar como era esse mundo em que vivíamos até não faz muito tempo.

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