Observador Isento (Unbiased Observer)

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Wednesday, May 16, 2012

O galo português

Luiz A. Góes

Viajando em Portugal, ouvimos muitas histórias e estórias. Tudo muito interessante quando acompanhado fisicamente pela visão dos castelos, mosteiros, igrejas, catacumbas, ruinas, escavações arqueológicas, escadarias sem fim, ladeiras e, indubitavelmente, o povo português com suas amabilidades e seus maneirismos.
Dentre as histórias ou estórias que ouvimos, resolvi registrar esta, do galo português, porque o galo como símbolo de Portugal sempre me intrigou bastante.
Eis o que nos contaram: um peregrino se dirigia a Santiago de Compostela nas tradicionais peregrinações a pé. Passando por Braga, no norte de Portugal, pediu pousada em uma fazendola. O proprietário o acolheu, deu-lhe de comer e autorizou-o a pernoitar num galpão que havia nos fundos da casa.
No meio da noite, surgiu por lá a esposa do anfitrião com uma conversa que o peregrino achou esquisita e a mandou de volta para seu marido.
Ofendida pela rejeição, a mulher resolveu vingar-se: escondeu na mochila do peregrino um objeto de prata de estimação de seu marido, e quando o marido deu pela falta, acusou o peregrino de tê-lo roubado. Acionaram a polícia da época e foram atrás do peregrino, que foi preso e, tendo o objeto sido encontrado em sua mochila, foi condenado a morte na fôrca.
O peregrino insistia constantemente em sua inocência, entretanto, e antes que o enforcassem pediu para falar com seu acusador. Levaram-no à presença do sitiante, que estava à mesa pronto para almoçar um enorme frango assado.
O peregrino lhe disse, mais uma vez, que era inocente. E olhando para o frango assado, afirmou: “Podem me enforcar, mas quando o fizerem esse galo vai cantar”.
Levaram-no dali diretamente para o cadafalso. No momento do enforcamento o nó de enforcamento não funcionou, salvando-lhe a vida, mas assim mesmo o galo cantou como o peregrino tinha previsto.
O fazendeiro, impressionado, mandou imediatamente um criado avisar que o peregrino era realmente inocente e devia ser solto, porque tinha operado um milagre: um galo assado tinha cantado como previra.
E assim, o “galo de Braga” se tornou um dos símbolos de Portugal.
Como disse, pode ser uma história ou apenas uma estória, mas não deixa de ser interessante.

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