Observador Isento (Unbiased Observer)

A space for rational, civilized, non-dogmatic discussion of all important subjects of the moment. - Um espaço para discussão racional, civilizada, não dogmática de todos os assuntos importantes do momento.

Saturday, April 18, 2009

O Taj Mahal tupiniquim

Luiz A. Góes

Em tempos idos, um governante da India construiu o Taj Mahal, ainda hoje considerado um dos edifícios mais belos e notáveis de todos os tempos. O Taj Mahal já sofreu, ao longo dos séculos, muitas pêrdas, porque era decorado com valiosíssimos materiais, pedras preciosas e quetais, em grande parte roubados depois da morte de seu construtor, ou usados por seus sucessores para pagar as dívidas que deixou. Nenhuma economia foi feita em sua construção, e seu custo ultrapassou de longe as possibilidades da economia do país.
Consta que o Taj Mahal foi construído para ser o túmulo da amada de seu construtor, o qual pretendia construir, em frente a êle, uma réplica do mesmo em granito negro, - o Taj Mahal é todo revestido de mármore branco, - para vir a ser o seu próprio túmulo quando morresse.
Os dois Taj Mahals, o branco e o negro, ficariam de frente um para o outro, como que se admirando mutuamente.
Para sorte da India, o construtor morreu antes de construir o Taj Mahal negro, porque então a India já estava totalmente falida, sua economia irremediavelmente quebrada pelo desatino dos gastos com a construção do Taj Mahal branco, e seguramente acabaria se esfacelando definitivamente se o Taj Mahal negro chegasse a ser erguido.
Proclama-se que a motivação do construtor do Taj Mahal foi o amor: queria para sua amada o mais notável túmulo de todos os tempos, nada menos do que isso. Mas o que conseguiu, em realidade, foi enterrar nesse túmulo a sua pátria, condenando-a a séculos de miséria e sofrimento para se recuperar.
Em plagas do Novo Mundo encontra-se em construção o Taj Mahal tupiniquim: é a "estrutura" sôbre a qual o governante de plantão pretende assentar a extensão permanente de seu reinado, que considera o melhor de todos os tempos. O motivador também é o amor, mas o amor pelo poder, não por uma mulher, - pelo menos tanto quanto se sabe.
Essa "estrutura" é como a roupa nova do rei, daquela estória bastante conhecida, em que os costureiros pediam mais dinheiro, e mais dinheiro, e mais dinheiro, porque estavam produzindo uma roupa que seria para sempre insuperável e que o rei, não a vendo quando a "experimentava", ia sendo convencido de que ela era de fato insuperável porque os costureiros diziam que só podia ser vista por pessoas "superiores", pessoas "iniciadas" nos segredos daquela alta costura que praticavam.
No dia em que finalmente a tal roupa ficou "pronta", o rei a "vestiu" e saiu pelas ruas para que fosse devidamente admirado. A essa altura toda a população não ouvia falar de outra coisa a não ser na tal roupa nova do rei, que estava sendo custeada com o chorado dinheiro dos impostos que pagava. E como ninguém queria ficar por baixo e ser taxado de "inferior", todos aplaudiam e elogiavam a tal roupa nova insuperável.
Até que um garoto, que para conseguir ver tinha trepado em uma árvore, em sua pureza e inocência gritou lá de cima, alto e bom som: "O rei está nuzinho em pelo!"
A estória não diz se o tal rei quebrou sua pátria com a produção da tal "roupa", mas se pode imaginar que se o rei inventasse de mandar fazer mais algumas "roupas" como aquela, seguramente quebraria.
A "estrutura" ora em construção em plagas tupiniquins tem todas as características das duas histórias (ou melhor: da primeira história e da segunda estória), porque essa "estrutura" está quebrando o país: nenhuma economia é feita em sua construção, que consome todos os recursos existentes e compromete o futuro com a acumulação de déficits orçamentários e aumento da dívida pública além de todos os limites imagináveis. Além disso, só se fala nela o tempo todo, a ponto de a população pensar que ela é real, mesmo só sendo vista pelos "iniciados", devidamente equipados com uma carga ideológica que os faz verem apenas o que seus líderes dizem para verem, ainda que seja ver branco em lugar de preto, eficiência em lugar de incompetência, honestidade em lugar de corrupção generalizada.
Essa "estrutura" está sendo construída para abrigar a eleita pelo imperador de plantão para sucedê-lo, enquanto o povão extasiado se delicia com uma "bolsa-esmola" que lhe permite sobreviver sem precisar trabalhar, bastando que votem nos "candidatos certos", - os apontados pelo grande chefão, - na próxima eleição, e se contentem com suas "felizes" vidas de miseráveis.
Mas, para os que ainda conseguem ver alguma coisa de concreto com seus próprios olhos, sem obedecer a ditames de qualquer ideologia, essa "estrutura", esse Taj Mahal tupiniquim, guarda uma tremenda diferença em relação ao Taj Mahal da India: enquanto êste é um edifício de pedras que resiste ao tempo e continuará a ser visto e admirado por todos os que o visitarem, independentemente de suas ideologias ou "iniciações", a "estrutura" em construção para ser o Taj Mahal tupiniquim é um castelo de cartas que ruirá assim que algum vento mais forte o sopre, além de não poder ser vista por todos, e sim apenas pelos tais "iniciados". Ruindo, levará para o buraco os recursos que estão sendo dispendidos em sua "construção". E com o tempo os "iniciados" que ora a vêm, seja por conveniência, interêsse, ideologia, ignorância ou cegueira mesmo, também morrerão.
E tudo o que sobrará será a ruina da pátria que terá pago o seu custo e precisará lutar por muitos anos para sair do buraco em que terá sido deixada..

1 Comments:

  • At Mon Oct 19, 02:49:00 PM EDT, Blogger jupero said…

    Sr, Luiz Goes! o construtor do Taj Mahal, morreu em consequência da inveja do próprio filho, que o destituiu do poder e encerrou-o numa fotaleza, em frente ao monumento que mandou edificar para a amada Munzda. Era tamanho o sentimento de inferioridade desse filho que tudo o que fazia para apagar a memória do AMOR do pai pela mãe, foi o que manteve-os vivos até hj. Quem afirma que o Taj Mahal é menos importante que a economia da India? não podemos cometer anacronismo em HISTORIA. nem comparar o rei nú com o nosso atual governante, o que vc prefere os 21 anos de ditadura, qdo houve a maior farsa da História brasileira ou agora que o povo vota em quem ele achar melhor? não fique com medo a dilma não tem cacife para ser presidente, esse carisma ela não tem e o Lula não pode comprar.

     

Post a Comment

<< Home