Observador Isento (Unbiased Observer)

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Wednesday, June 06, 2012

Porteiro bem sucedido

Luiz A. Góes

Circula na internet a estória de um porteiro de bordel que foi despedido porque, sendo analfabeto, não era capaz de anotar as pessoas que entravam e saíam como queria o seu patrão. Sem emprêgo, dedicou-se a fazer pequenos serviços de reparos, e daí passou a vender ferramentas, terminando por construir um enorme império industrial. Perguntado sôbre o que teria conseguido fazer se fosse alfabetizado, já que era analfabeto, respondeu de pronto: “teria continuado a ser porteiro do bordel”.
Há, ainda, outra estória circulando, do sujeito que buscava um emprego público e arranjou um pistolão que o colocou em contacto com pessoas influentes. Inquirido sôbre sua formação e habilidades, verificou-se que não possuía qualquer formação e que sua única habilidade era sua enorme cara-de-pau. E assim arranjaram-lhe emprêgo como presidente da república.
Essas estórias (porque creio que não são exatamente histórias), já foram contadas várias vezes, com pequenas variações e atribuídas a personagens diversos da vida real. São muito interessantes porque revelam a origem de muitas grandes fortunas do Brasil, dos Estados Unidos e seguramente de muitos outros países do mundo.
É meio engraçado, e até patético, por exemplo, os chamados "drop-outs" da escola secundária, ou mesmo da faculdade, que fizeram fortuna nos EUA darem conferências e serem paraninfos de formandos em cursos superiores fazendo apologia da educação que abandonaram, inclusive publicando livros e fazendo recomendações com base em suas sabedorias como pessoas bem sucedidas. Steve Jobs, Bill Gates, os criadores do Orkut, do Facebook, de um site de músicas cujo nome não me lembro, e muitos outros, fizeram fortunas fáceis e rápidas aproveitando oportunidades (muitas vezes ilegais) que lhes ocorreram quando ainda estudantes e os fizeram "doutores da fortuna" antes de se formarem.
No Brasil, conhecemos numerosos casos semelhantes, inclusive de pessoas que fizeram fortuna mas que jamais teriam tido a possibilidade de ingressar numa universidade por não terem apetência pelos estudos (o exemplo mais recente e ilustrativo é, sem düvida, o do insígne que, ainda por cima, se considera um verdadeiro deus). Esses casos sempre me chamaram a atenção e, examinando certos aspectos daqueles que tive a oportunidade de conhecer mais de perto, cheguei à conclusão de que a chamada "ética profissional" foi sempre um fator importante, impeditivo a profissionais de nível superior aproveitarem as oportunidades que os sem formação, - e sem se preocuparem com qualquer ética, profissional ou não, - aproveitaram, porque um número surpreendentemente grande de grandes fortunas nasceram de golpes de sorte e esperteza mais do que de genialidade criativa e eficiência administrativa.
Talvez não caiba negar-lhes o mérito pelo que fizeram, e nem generalizar de modo absoluto, porque há exceções muito honrosas, mas se trata de uma realidade que se observa com tanta frequência que até mesmo certas religiões ou igrejas prometem fortuna rápida e fácil a quem se converter a elas, - e ajudar, evidentemente, a aumentar a própria fortuna dos donos das citadas religiões ou igrejas, - porque as pessoas, de modo geral incapazes de compreender como alguns se dão tão bem, são induzidas a acreditar que alguma fôrça celestial deve ter ajudado aqueles afortunados. Os que se dão bem, nesses casos, são os chamados pastores…

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