Observador Isento (Unbiased Observer)

A space for rational, civilized, non-dogmatic discussion of all important subjects of the moment. - Um espaço para discussão racional, civilizada, não dogmática de todos os assuntos importantes do momento.

Sunday, October 29, 2006

Experiências Teatrais

Luiz A. Góes

Dia desses, manuseando velhas fotos, lembrei-me de algumas experiências teatrais pelas quais passei, já lá se vai uma carrada de anos. Se não foram boas, foram pelo menos de certa forma engraçadas.
A primeira delas foi quando eu estava terminando o curso ginasial e tinha crescido naqueles quatro anos como uma abóbora, como dizia minha mãe, - porque ela dizia que as abóboras é que cresciam de repente, - e me tornado, com meus 15 anos incompletos, um varapau praticamente com a estatura que tenho hoje. De repente eu precisava fazer a barba quase todos os dias e já dava até para deixar crescer um bigodinho que tentei cultivar por alguns anos.
Na sala de aulas eu era obrigado a me sentar lá no fundo, porque os lugares mais à frente eram reservados aos mais baixinhos, o que me deixava frequentemente em situação difícil porque ficava em companhia de rapazes mais velhos, muitos deles repetentes contumazes, mais experientes e matreiros, que viviam criando situações a que a minha ingenuidade não estava afeita.
Um belo dia o inspetor de alunos, chefe dos bedéis, que era um sujeito alto e atlético por volta de uns quarenta anos de idade (ou pelo menos eu assim imaginava por comparação com o meu pai) e que trazia os cabelos sempre muito bem penteados com brilhantina e cultivava um bigode preto muito bem cuidado, chegou à porta da sala de aula e apontou para mim e mais uns cinco ocupantes das últimas carteiras da sala de aulas, chamando-nos para o corredor.
"Aí vem bomba," pensei, lembrando-me de outras ocasiões em que inclusive eu tinha sofrido punições devido a estripulias aprontadas pelos meus colegas (eram frequentes as punições coletivas, modo cômodo de nos obrigar a denunciar colegas quando algum mal feito era detectado, e nunca denunciávamos ninguém). Mas para nossa surpresa, o inspetor de alunos perguntou se concordaríamos em participar de uma peça teatral que estava ensaiando, um espetáculo destinado a angariar fundos para a nossa festa de formatura.
Nem me passou pela cabeça a possibilidade de o nosso inspetor de alunos estar em realidade dando um jeito de arranjar uns trocados para si próprio, quando êle explicou que a peça seria apresentada num pequeno teatro do bairro, - que eu nem sabia que existia, - e o público seriam as famílias dos alunos, que pagariam uma entrada para assistí-la. Explicou mais que nós formaríamos um "pelotão" de seis soldados incumbidos de prender um malfeitor ou coisa que o valha, não me lembro bem.
Como tudo o que era novidade sempre agradava, nenhum dos seis recusou, e assim ficamos convocados para um "ensaio" naquele final de tarde, lá mesmo na escola, - o inspetor de alunos morava lá, numa moradia que existia, se não me engano, por cima do prédio, à qual não tínhamos acesso. Eu nunca tinha tido contacto com coisas de teatro, de modo que não entendi muito bem, - melhor dizendo, não entendi quase nada, - porque aquele foi o único ensaio de que participei e saí dele sem saber exatamente o quê iria fazer além de "marchar" um pedacinho, uns quinze passos. Não teria que dizer nada, apenas ficar em posição de sentido quando fosse dado o comando de "alto".
No ensaio o inspetor de alunos falava em dois nomes de atores que guardei, não sei como, que iriam participar da peça mas que não compareciam ao ensaio porque já a conheciam bem e não tinham tempo para ensaios: um deles era um tal de Aramis de la Torre, que vim a saber depois ser um artista de rádio e teatro, e o outro era um jóvem e promissor ator chamado Raul Cortez. O Aramis de la Torre ficou sendo o chamariz para fazer o pessoal comparecer em peso, porque era muito conhecido das novelas de rádio, embora eu não tivesse tido notícia de sua existência até então.
Uns dias depois fomos à Casa do Ator para alugar os uniformes, e no dia seguinte deu-se a apresentação. Ficamos assistindo por trás das cortinas, porque a nossa participação não passava de alguns minutos, e só então fiquei sabendo um pouco do enredo, em que o nosso inspetor de alunos, além de ser o diretor do espetáculo, fazia o papél principal, de um general que ficava disfarçado o tempo todo com seu uniforme coberto por uma capa preta, para só no momento do clímax da história revelar os seus galões atirando a capa preta dramaticamente ao chão e pronunciando uma frase de efeito para dar voz de prisão ao indigitado que estávamos encarregados de prender (em realidade apenas entrávamos em cena e pouco depois o pano caía, porque o espetáculo terminava).
Mais uma vez eu, com meu quase metro e oitenta, acabei ficando atrás naquele pelotão de duas fileiras de três soldados, de modo que vi muito pouco e quase não fui visto por ninguém. Mas quando entramos marchando no palco o público desatou a rir e não parava, apesar da dramaticidade da situação. Fiquei sem compreender até que vi o nosso "general" fazer um movimento que estava fora do script, chegando perto do colega que estava na frente e, dando as costas para o público, dizer-lhe entre dentes ao ouvido, espumando de raiva: "Páre de rir".
Custou um bocado para o público parar de rir e deixar o "general" dar o desfecho programado ao espetáculo, que o riso do meu colega, - que provocou os risos da platéia, - acabou roubando, porque só se falava nele na saída, na volta para casa e nos comentários dos dias seguintes. Minto: nem só dele se falava. O pessoal também comentava ter visto o Aramis de la Torre em carne e osso, porque até então com raras exceções só conheciam a sua voz. (E assim vocês ficam sabendo que eu já estive num palco com o Raul Cortez, de quem naquela época pouco se falava.)
Poucos anos depois tive uma outra experiência teatral, ainda mais insignificante do que a primeira, mas que vou contar assim mesmo: eu pertencia à Congregação Mariana na igreja que frequentávamos, e participava de uma turma de rapazes e moças do bairro que se encontravam todos os finais de semana em pequenas festas ou apenas para bater papo, jogar baralho, alguns cantavam, outros declamavam, a maioria fazia brincadeiras, contava piadas e "aprontava" alguma.
O pai de uma de nossas amigas era um indivíduo extremamente interessante, muito culto, que gostava de conviver com os jóvens. Foi êle quem comprou o primeiro televisor do bairro e nos convidava para assistir a certos espetáculos teatrais apresentados na TV. Lembro-me de que era grande fã do Paulo Autran, e soltava exclamações exaltadas a cada lance em que o dito cujo dava uma demonstração mais evidente de suas habilidades interpretativas.
Todos os anos o vigário da paróquia organizava uma quermesse para angariar fundos para a igreja. Nós participávamos como podíamos, e numa dessas ocasiões o nosso vizinho amante do teatro foi ao vigário para propor que se fizesse a apresentação de uma peça teatral para ajudar na obtenção dos fundos de que a igreja necessitava para algumas reformas. O vigário concordou e colocou o salão paroquial à disposição, mas viu-se logo que serviria apenas para os ensaios, que se realizavam aos domingos depois da última missa, - naquela época não havia missas à tarde, eram todas de manhã. As apresentações foram feitas num pequeno teatro que pertencia, se a memória não me falha, a uma indústria situada no bairro contíguo.
Foi escolhida uma peça relativa a uma estória que se desenrolava no Rio Grande do Sul durante a revolução farroupilha. Pelejei para lembrar-lhe o nome, mas em vão. O nosso "diretor" queria colocar todo o pessoal de nossa turma na peça, mas acabei "sobrando" porque havia muito poucos personagens para tanta gente e logo êle conseguiu preencher todos os papéis. Fiquei colaborando na parte "logística", arranjando objetos para que o colega que seria o contra-regra pudesse produzir certos sons (duas metades de cascas de coco, cuidadosamente limadas para ficarem iguais, por exemplo, serviram para produzir o galope dos cavalos que imaginariamente participavam da estória).
Foram memoráveis as interpretações de uma velha matrona gaúcha por uma das moças do grupo, que arrancou aplausos do público no meio do ato, a ponto de provocar interrupção das falas, e de um baixinho que interpretou um escravo pernóstico capaz de arrancar risos de qualquer um. Numa cena em que aparecia uma moça bonita, a velha matrona disse: "… guapa e bonitaça como eu… (longa pausa, risos prolongados da platéia) … quando tinha a mesma idade…".
O baixinho era um sujeito cômico por natureza: sempre tinha boas piadas e sabia contá-las. Pintou-se de preto e desenvolveu um andar impagável que tornava todas as cenas de que participou muito engraçadas. Rejeitou as roupas da Casa do Ator e improvisou: usou umas calças brancas um tanto meia-canela, umas polainas que desenterrou não sei onde, uma cartola velha que tinha em casa, e usou uma velha casaca que o pai dele tinha usado quando se casou havia bons trinta anos, à qual cobriu as golas com um pano listadinho de branco e vermelho. A cena mais impagável foi quando entrou e disse à matrona: "Sinhá Dona Fulana, preciso falá com vosmicê… … …mais tem que ser particular,… ... longe dos lacaio…" O pequeno teatro quase veio abaixo. Depois do espetáculo, o pai dele comentou que aquela casaca tinha apenas servido para palhaçadas… revelando a origem daquele espírito alegre e cheio de comicidade.
O sucesso dessa primeira peça, que teve que ser apresentada várias vezes porque muita gente começou a pedir para vê-la, animou o grupo, e uma segunda foi logo sendo ensaiada, e desta vez eu iria participar. Lembro-me que me deram uma folha de papél onde estava assinalada uma frase que eu teria que dizer em determinado momento: eu seria uma espécie de investigador que ia colher provas de um suposto crime, ou coisa assim. Lembro-me que a peça se chamava "Arsênico e Alfazema", uma estória em que duas velhinhas bem velhinhas "ajudavam", por piedade, os velhinhos e velhinhas que apareciam casualmente em casa delas a partirem para melhor, dando-lhes uma espécie de licôr de alfazema que faziam, no qual incluiam uma certa quantidade de arsênico.
As tais velhinhas tinham um parente que era um criminoso de verdade, que entrava na peça não me lembro como, e que já tinha matado doze pessoas. Esse parente custou a ser reconhecido pelas velhinhas, porque tinha feito operações plásticas para não ser reconhecido (naquela época era muito esquisito, mas hoje em dia quem faz isso pode se candidatar a ministro, não é mesmo?). Por acaso as velhinhas também tinham "ajudado" a doze velhinhos, de modo que se estabeleceu uma espécie de disputa entre as velhinhas e o parente criminoso. O papél central cabia a um sobrinho das velhinhas, que desvendaria os crimes do tal parente mas nem de longe descobriria as tais de "ajudas" de suas tias.
Eu pelejei para decorar a tal frase, mas não conseguia satisfazer o meu diretor, que nunca parecia contente a cada vez que eu a dizia: pedia para repetir, mudar o modo de dizer, falar mais alto, dar mais ênfase a não sei o quê, virar a cabeça numa certa direção para o público ver melhor, umas dificuldades que eu não conseguia compreender. Ao mesmo tempo, foi experimentando toda a rapaziada, um por um, sem encontrar ninguém que o satisfizesse para o papél principal. Duas das moças do grupo ajeitaram-se num instante nos papéis das velhinhas, o pai de uma terceira concordou em fazer o papél do tal criminoso, e me lembro de tê-lo feito bem, porque foi muito elogiado. E os demais papéis foram sendo preenchidos, mas eu tive que desistir do meu, porque senti que realmente seria um fracasso como ator falante, apesar de minha "experiência muda" anterior. Acabei me incumbindo de algumas das pequenas tarefas para ajudar a organizar o evento.
Praticamente na véspera da estréia, - a peça seria apresentada três vezes, - o nosso diretor apareceu repentinamente feliz da vida: tinha conseguido contactar um rapaz do bairro que não costumava frequentar a igreja porque trabalhava como vendedor viajante e que, segundo êle, era muito bom ator e tinha concordado em tirar uma semana de férias para participar daquele espetáculo. A apresentação realmente acabou sendo um sucesso, e o tal vendedor viajante foi nessa ocasião "descoberto" pelo teatro, porque se tornou ator profissional. Ainda li comentários elogiosos sôbre êle no jornal, mas infelizmente não lhe guardei o nome e acabei por perdê-lo de vista.
Ah! Ia me esquecendo: bem no final da peça, aparecia em cena um cavalheiro bem idoso, - que era o nosso diretor devidamente maquiado, - o qual entrava como comissário de polícia ou coisa assim, e que vinha para levar preso o tal parente criminoso, depois de mil e uma peripécias. Vendo o pobre velhinho, que já andava com certa dificuldade, as piedosas velhinhas ofereceram-lhe um cálice do tal licôr de alfazema. O velhinho, visivelmente cansado, sentou-se numa cadeira e começou a beber, enquanto uma das velhinhas, por trás dele, olhava para a outra e contava nos dedos "Um, dois, …, doze, e treze! Ganhamos!", e descia o pano.
O sucesso dessa peça foi enorme. Tão grande que começaram a chover pedidos para apresentarmos (quer dizer, eu apenas estava "no meio") mais espetáculos teatrais, e passado algum tempo o grupo começou a ensaiar outra peça, que se chamava "As Solteironas dos Chapéus Verdes". Os ensaios passaram então a ser feitos na própria casa de nosso diretor, que morava na casa ao lado da nossa, o que para mim era muito bom porque eu podia assistir a tudo sem grandes problemas.
Um belo dia o vigário apareceu lá na casa do nosso vizinho para conversar. Muito maneiroso, foi introduzindo o assunto de vagar, para em determinado momento sugerir que talvez fosse conveniente escolher uma outra peça, porque alguns paroquianos tinham se queixado do conteúdo da peça anterior, em que muita gente tinha sido "assassinada", e agora algumas beatas tinham expressado preocupação particularmente com uma cena de desrespeito que a peça escolhida continha.
Quando o padre mencionou os "assassinatos" foram dadas boas gargalhadas, mas êle parecia realmente preocupado com a tal cena de desrespeito. O padre e o nosso diretor estavam sentados lado a lado no sofá e o nosso diretor chegou-se para bem perto dele com ar de mistério, dizendo que ia explicar o quê era: em determinado momento na peça uma das solterionas, com seu vestido longo e rodado, começava a falar de um assunto delicado, - e foi representando o papél da solteriona, afinando a voz, - e começou a puxar nervosamente o pano de sua sáia, por baixo da qual havia várias outras sáias, nada de mais. Para fazer que puxava a sáia, o nosso diretor foi puxando a calça, e junto com a calça veio a batina do padre.
De repente o vigário percebeu que sua batina vinha subindo também, mostrando as calças que usava por baixo, e esticou o braço para livrá-la. Nesse momento a "solteirona" deu uma espécie de gemido levando um enorme susto, e largou depressa a sáia e a batina do padre. Só então o vigário percebeu que puxar a batina do padre fazia parte da peça, e desatou a rir, retirando-se em seguida e recomendando que a peça fosse apresentada logo. Foi novamente um enorme sucesso, mas infelizmente o grupo começou a se dissolver, uns casando, outros se mudando, e aquela saudosa experiência teatral, de que eu era em realidade apenas expectador, não mais se repetiu.
Mas o gôsto pelo teatro ficou, e nós que estávamos acostumados ao cinema aos domingos, assistindo filmes importados, principalmente americanos, e vez ou outra alguma chanchada brasileira, mais os espetáculos teatrais eventualmente apresentados na nascente televisão preto-e-branco, começamos a procurar assistir apresentações de teatro de verdade. E assim tivemos a oportunidade de ver Dercy Gonçalves, Zé Vasconcellos, Tonia Carrero, Procópio e Bibi Ferreira, Paulo Autran, Cacilda Becker, os grandes nomes da época, enfim, e depois uma sequência de peças com fundo político ou ideológico, apresentadas pelas novas gerações de atores que começaram a despontar, seguidas de espetáculos inconsequentes, a maioria comédias, conforme a sequência de acontecimentos da evolução política brasileira.
Foi nesse período que vimos, no Rio de Janeiro, na reinauguração do Teatro João Caetano, a peça "O Rei de Ramos", que teve o memorável Paulo Gracindo no papél central. Pena que ficou restrita ao Rio de Janeiro e pelo que sei nunca foi reencenada, porque me pareceu antológica em vários aspectos.
Foi também no Rio de Janeiro que me meteram pela última vez numa enbrulhada de "participação" no espetáculo. Foi assim: fomos ver uma espécie de comédia que tinha por título "A Vida Escrachada de Joana Martini e Baby Stompanato", sátira da história da Lana Turner e suas estrepulias com o amante mafioso, - ou pelo menos eu pensei que fosse. Apesar de o título, pelo seu estilo "escrachado", já dizer tudo, eu esperava uma coisa mais na base da história que havia frequentado os jornais havia pouco tempo, mas o espetáculo todo era mesmo do tipo "escrachado", para fazer rir, sem a intenção de contar qualquer história ou estória.
Eu estava com uma camisa esporte de cor vermelho-tijolo ou coisa parecida, como convinha ao calorzinho do Rio de Janeiro, e me deram um assento na extremidade de uma das fileiras bem à frente, - acho que lá pela décima fila, - coisa inesperada para quem chegou na última hora para comprar ingressos, só que fiquei sentado na ponta da fileira, junto ao corredor lateral. Mesmo assim a visibilidade de todo o palco era bem boa. Lá para as tantas, com as luzes da platéia apagadas, um dos holofotes da iluminação do palco "passeou" sôbre a platéia por alguns segundos, para depois se fixar em um dos atores, que desceu pela escadinha lateral e veio andando pelo corredor até chegar bem à minha frente, quando o holofote ficou nos iluminando, a nós dois e mais a minha esposa a meu lado.
O dito cujo começou a travar conversação comigo, fazendo-me perguntas bastante irreverentes. Pêgo de surpresa, e tímido como sempre, fiquei mudo, e mesmo que quizesse falar não teria tido oportunidade, porque êle falava sem parar, fazia perguntas e em seguida êle mesmo como que as respondia, preparando a pergunta seguinte. Fêz a platéia rir um bocado à minha custa, o pessoal das fileiras da frente olhando para traz, e muita gente das fileiras de traz ficando em pé para ver melhor.
Depois de dizer uma enorme sequência de piadas em tom de perguntas com respostas engatilhadas, o tal ator voltou para o palco e o espetáculo continuou por algum tempo, até que lá para as tantas uma atriz desceu pela escadinha do outro lado e foi caminhando pelo corredor até parar diante de um sujeito que estava de paletó e gravata com uma pasta de executivo, que não víamos mas que a dita cuja atriz mencionou. Começou a fazer-lhe perguntas e engatilhar respostas, como o ator havia feito momentos antes comigo, só que foi mais longe: em dado momento sentou-se no colo do sujeito, que reagiu, acabou empurrando-a e se levantou protestando, dirigindo-se esbravejando em direção à porta de saída.
A atriz ficou desemchabida e voltou para o palco, dizendo alguma coisa no sentido de explicar que só tinha tido a intenção de divertir e não de ofender, que aquilo tudo não devia ser levado a sério, e que contava com a compreensão do público. Arrancou uma salva de palmas fora de hora, e o espetáculo continuou sem maiores incidentes.
Quando o pano desceu e voltou a subir, lá estava o tal sujeito enfezado, de paletó e gravata e com sua pasta de executivo, no meio dos atores agradecendo os aplausos e provocando a gargalhada final. Concluí que o único palhaço de verdade naquele espetáculo, embora involuntariamente, tinha sido eu.

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