Observador Isento (Unbiased Observer)

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Saturday, April 14, 2007

Crescimento e acontecimentos políticos

Luiz A. Góes
O gráfico abaixo permite visualizar bastante bem o paralelismo, ou a relação de causa e efeito, entre os acontecimentos político-econômicos e o ritmo de crescimento da economia brasileira:


Vejamos: se não me falha a memória (porque ela me falha completamente quanto aos anos anteriores a 1990 - que me corrijam os que tiverem registro mais preciso dos fatos), em 1991 tivemos o resultado da embrulhada do govêrno Collor: houve o impeachment, enquanto que a economia "encolhia" uns bons 5 ou 6%. Vale comentar que no govêrno Goulart houve problema semelhante, de "encolhimento" da economia, e o govêrno caiu, com o advento da Revolução de 1964.
Seguiu-se o govêrno Itamar e o início do Plano Real em 1993, que inaugurou uma série de anos não muito brilhantes mas razoáveis para as circunstâncias até que ocorreram as crises russa, asiática, mexicana, etc (foram cinco crises ao todo) em 1996/1997, com profundas consequências sôbre todos os países em desenvolvimento.
Como resultado, o ano de 1998 foi extremamente fraco, seguido de dois anos de recuperação com crescimento bastante promissor, até que se configurou o que ficou conhecido como "efeito Lula" a partir de 2001/2002, e a instalação do govêrno Lula em 2003. Em 2003 o crescimento foi negativo, mas logo se arranjou uma forma de "recalcular" tudo, empurrando os números para cima no papél, ou "no mapa", como se dizia antigamente. E em 2003 ainda não tinham estourado os numerosos escândalos que são a marca registrada do atual govêrno.
Esses altos e baixos correspondem bastante de perto aos altos e baixos das entradas líquidas de investimento extrangeiro, relacionadas com as disponibilidades de recursos existentes no mercado e com a confiança dos investidores no país e suas políticas, ou seja, em seu govêrno.
Pode-se discutir se a falta de crescimento se deve a falta de investimentos, de que as entradas de investimento extrangeiro são apenas uma parte, ou se a falta de entradas de investimento extrangeiro é decorrência da falta de perspectivas quanto ao crescimento da economia. (Os investimentos por parte de grupos e empresas nacionais acompanham as entradas de investimentos extrangeiros. Ou seja: os investidores, tanto extrangeiros quanto nacionais sabem perfeitamente bem avaliar os riscos que correm, e os evitam de maneira bastante competente.)
Parece que as duas coisas acontecem: faltam investimentos por falta de perspectivas, por falta de confiança dos investidores, ou por medos de diversos tipos causados por acontecimentos ou pela evolução política. E a falta de crescimento se liga estreitamente à falta de investimentos, sem descartar outros fatores, como falta de competência na gestão da economia, fatores adversos externos, etc.
Não é preciso elaborar muito: uma figura diz mais do que milhões de palavras (os dados acima são oficiais, como seguramente a maioria de vocês já sabe, e os dados referentes ao período posterior a 2003, bastante recentes, são por demais conhecidos de todos).
Em meio às diversas conclusões que se pode tirar desse conjunto de dados, há uma que me parece extremamente importante: a de que no sistema presidencialista híbrido em que vivemos, com o executivo, ou o presidente, comportando-se como um monarca absolutista que interfere à vontade no legislativo e no judiciário, governando por decretos, - que é o que são as chamadas "medidas provisórias" que nada têm de provisórias, - e mesmo antes, sob a constituição de 1946, o presidente é um verdadeiro sucessor do imperador, e só cái se sucederem acontecimentos extremamente graves e ao mesmo tempo, - vejam bem: ao mesmo tempo, - o crescimento da economia for negativo.
Isso explica porquê govêrnos para lá de medíocres, corruptos, incompetentes, mantêm-se em pé mesmo quando as vísceras de suas mazelas são expostas à luz do dia, ficam sendo conhecidas por todos, e porquê conseguem negar a realidade, os fatos, a verdade mais do que evidente: enquanto o crescimento da economia não for negativo, nada lhes acontece.
Seria isso um traço característico da indolência brasileira? Tirem suas conclusões!
(Em tempo: o gráfico acima exibido me foi enviado por um amigo via e-mail, mas o dados são públicos, o que vale dizer que êle pode ser montado, inclusive abrangendo período maiór, por qualquer pessoa, sendo muito útil para se compreender certas coisas da evolução político-econômica brasileira.)

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