Observador Isento (Unbiased Observer)

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Sunday, October 14, 2007

Messias e "mandrakes"

Luiz A. Góes

De várias décadas para cá, - melhor dizendo, a partir do século passado, - tudo o que se faz em matéria de política, - e nem só de política, - tem sido feito sob a desculpa ou o pretexto de "fortalecer" ou de "preservar" a democracia.

Todos os ditadores sempre se dizem democráticos, todos os golpistas justificam o golpe alegando a intenção ou o propósito de "estabelecer" a democracia, ou de "restabelecer" a democracia, ou de "preservar" a democracia.

Quanta desfaçatez! Todos êles fazem tudo o que fazem apenas para chegar ao poder. Lá chegando, todos querem ser ditadores vitalícios, e passam a fazer de tudo para que isso se confirme na prática, mesmo que tenham sido eleitos em eleições limpas e democráticas, - se é que isso realmente existe, a julgar por tudo o que tem sido publicado a respeito de fraudes eleitorais.

Todos êles tentam, por todos os meios e modos, enfraquecer ao máximo os poderes e prerrogativas dos demais poderes da república, - o legislativo e o judiciário, - e a maximizar os seus próprios poderes. Todos êles tentam por todos os meios e modos silenciar as vozes discordantes, impondo-lhes limitações e "contrôles" de toda sorte, ou criando dispositivos e órgãos que os possam silenciar.

De fato, estão aí as medidas provisórias, usadas de maneira escancarada para imobilizar o Congresso e impor os desejos do "programa" do chefe do executivo; estão aí as várias tentativas de criar "regulamentos" e "contrôles" para calar a imprensa; está aí o uso maciço de verbas de publicidade do govêrno para controlar os meios de comunicação; está aí a recém-criada TV estatal, destinada a doutrinar as pessoas de maneira mais direta e, quem sabe, no futuro criar condições para silenciar os demais canais, como já está acontecendo em país dito "hermano"; está aí o uso de dispositivos maliciosos tipo bolsas de diversos tipos para manter o povo preso a sinecuras e com os olhos fechados para todo o resto; está aí o uso constante e até debochado das chamadas emendas do orçamento da união para comprar os votos dos parlamentares no Congresso; estão aí as nomeações de protegidos dos parlamentares para cargos em órgãos do govêrno com o mesmo objetivo; está aí até mesmo o uso de propinas como o "mensalão" para assegurar essa fidelidade. E isso para mencionar apenas aquilo que se sabe por ter transpirado e saido nos meios de comunicação: pode-se bem imaginar o descalabro que deve ser por trás dos panos, longe dos olhos do público e da imprensa, - quantas ameaças, quantas chantagens, quantas "barganhas", quanto jogo bruto e quanto jogo sujo não deve rolar.

Meios legais ou ilegais, morais ou imorais, pouco importa: a única coisa que realmente importa é que nada atrapalhe os planos de poder e de sua perpetuação nele por parte do governante máximo da nação e seus amigos.

A meu ver isso não é democracia, nada tem a ver com ela: é apenas uma forma (mal) disfarçada de uma ditadura mal ajambrada, mas de qualquer maneira uma ditadura, ou pelo menos de uma ditadura em construção.

Desde que me conheço por gente tenho testemunhado esses episódios, - ao fim e ao cabo sempre de lamentável memória, - em que surge algum "messias" se dizendo o salvador da pátria, o pai dos pobres, o milagroso gênio político que vai fazer com que todos os problemas desapareçam, com que a vida se torne um mar de rosas para todos, e com que o país se torne uma grande potência com um simples estalar de seus dedos, - tal o tamanho de sua "vontade política" capaz de operar milagres ou mágicas como se fosse um "mandrake", - aquele herói fictício das histórias em quadrinhos.

Quando será que vai surgir alguém suficientemente honesto para pelo menos dizer com clareza ao povo que sem que todos os brasileiros trabalhem duro, pratiquem honestidade e lisura em todas as suas atividades e em todos os níveis, dediquem-se a estudar e se aperfeiçoar para exercer suas funções, escolham representantes e governantes competentes, e párem de acreditar em mágicas e em milagres prometidos por messias e "mandrakes", o país não terá nenhum possibilidade de começar a sair do atoleiro em que está metido?

E por quanto tempo o povão ainda terá que sofrer para começar a entender essa verdade?

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