Observador Isento (Unbiased Observer)

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Sunday, July 27, 2008

Os MSTs lutam pela reforma agrária?

Luiz A. Góes (em 27/07/08)
Li hoje uma "nota de esclarecimento" do MST a respeito de uma notícia que teria sido veiculada pelo jornal O Globo. Fiquei um tanto encabulado, porque se trata de uma nota assinada pela "Direção Nacional do MST", mas a tal nota diz que nada tem a ver com as ações ou articulações de um tal José Rainha Jr. no Morro da Rocinha, no Rio de Janeiro.
Muito interessante, porque esse José Rainha Jr. vem sendo mencionado há muitos anos como um dos líderes do MST, tendo sido, inclusive, preso e julgado algumas vezes por suas ações, - julgamentos esses, aliás, sempre com resultados controvertidos.
Mas o mais interessante é que a tal nota, assinada pela "Direção Nacional do MST", diz que nada tem a ver com as ações de um de seus líderes mais conspícuos!
A nota não diz, aliás, quem são os integrantes dessa tal "Direção Nacional do MST".
E pelo jeito existem muitos MSTs diferentes, muito embora frequentemente se mencione que as ações do tipo das efetuadas pelo MST em todo o país são organizadas de forma a terem lugar nas mesmas datas e horários simultaneamente, etc.
Mas o MST se apresenta em alguns lugares, - ou conforme as conveniências, talvez, - com outros nomes, dos quais o que mais conheço é uma tal de "Via Campesina", que pesquisando um pouquinho fiquei sabendo tratar-se de entidade internacional, ou existente em numerosos países latino-americanos e europeus.
Mas voltando ao MST, tem sido dito e repetido que se trata de organização sem identidade jurídica, ou seja, de acôrdo com a definição rigorosa da lei, é uma entidade "informal", da mesma forma que são "informais" organizações do tipo do PCC, do Comando Vermelho e tantas outras, todas ilegais e geralmente criminosas.
Com uma "Direção Nacional" que não se identifica, fica semelhante demais a essas outras entidades ilegais. Difere delas apenas pelo fato de que suas "ações", embora sejam ilegais, são diferentes dos crimes comuns que as citadas cometem, e, - o mais importante de tudo, - porque apesar de se tratar de organização inexistente, conforme o rigor da lei exige, recebe ajuda e verbas governamentais.
Quando se fala em MST, portanto, tem-se que falar em MSTs, no plural, porque parece que existem vários MSTs. Qual deles, afinal, a tal "Direção Nacional do MST" de fato comanda? Ou será que "comanda" quando lhe convém e nada tem a ver com isso, como no caso da tal nota a respeito do José Rainha Jr., quando não lhe convém?
Esses MSTs são uma espécie de cartola de "mágico" de onde sáem tantos sem-terra quantos o "mágico" aproveitador da onda quizer em cada ocasião: na nota dizem que são 140.000 famílias "acampadas".
As estatísticas publicadas vêm demonstrando que já foram doadas aos sem-terra, no total, mais terras do que o total de todas as terras agricultáveis existentes utilizadas pelo agronegócio e pelos proprietários de terras antes de terem surgido esses MSTs.
Mas êles continuam dizendo que são não sei quantos milhares de acampados: acompanhem esse número e verão que por mais que se lhes doem terras, êle não pára de crescer.
Acabo de ler que o (des)govêrno está financiando universidade específica para os MSTs formarem mais de 900 pedagogos, não sei quantos mil advogados, etc. Se fosse para formar técnicos agrícolas, técnicos veterinários e coisas do gênero, eu até entenderia. Mas pedagogos? Para ensinarem o quê? As doutrinas da esquerda? Advogados para defenderem quê causas? Para solicitarem habeas-corpus preventivos para seus ativistas, como temos visto que se tornou prática corrente por muita gente que não age exatamente como a lei manda? Para mim isso demonstra que o objetivo do movimento deixou há muito tempo de ser a reforma agrária, se é que algum dia o foi.
Aliás, difícil mesmo é entender porquê o govêrno proporciona esses cursos, em escolas criadas especificamente para êles, - nas quais entram sem enfrentar os vestibulares que todo mundo enfrenta. Qual a contrapartida esperada por parte desses pedagogos, advogados, etc, no futuro de médio ou longo prazo?