Observador Isento (Unbiased Observer)

A space for rational, civilized, non-dogmatic discussion of all important subjects of the moment. - Um espaço para discussão racional, civilizada, não dogmática de todos os assuntos importantes do momento.

Monday, October 17, 2011

Custando a perceber

Luiz A. Góes

Li certa vez a história de um político americano que foi eleito seguidas e numerosas vezes prefeito de uma das grandes cidades do oeste (Los Angeles, San Francisco, não me lembro bem). Era considerado um tanto "excêntrico" mas se gabava de "fazer" o que era preciso sem rodeios, e por isso tinha um eleitorado cativo, que votava nele incondicionalmente. Fenômeno semelhante ao de bom número de políticos brasileiros que conhecemos, os quais são eleitos sempre que se candidatam a qualquer cargo por disporem de um eleitorado cativo, os chamados "eleitores históricos", que votam neles independentemente do que façam ou deixem de fazer, mal feito ou bem feito.
Um dia, numa solenidade, aquele prefeito americano tirou o lenço do bolso e começou a limpar os sapatos. O pessoal riu, e êle repetiu aquilo várias vezes em outras solenidades, até que um dia tirou o lenço do bolso, limpou os sapatos, e em seguida tirou os sapatos e começou a limpar os pés.
Só então se deram conta de que o homem era um maluco e acabaram caçando-lhe o mandato e banindo-o da vida pública.
Há no momento um político brasileiro que, desde sempre, sofre de "apoteose mental": não perde a oportunidade de se auto-elogiar, compara-se às maiores figuras da história de todos os tempos, chegando frequentemente a se comparar até mesmo com Deus. Ignora toda a história antes de seu "surgimento" e se atribue todos os feitos e tudo de bom que tenha sido feito antes dele, num processo de apropriação indébita digna dos maiores cleptomaníacos que já existiram.
Com essa insígne magestade metalurgíssima vai acabar acontecendo coisa semelhante ao que se passou com o tal prefeito americano: é só uma questão de tempo, embora estejamos custando a perceber.