Observador Isento (Unbiased Observer)

A space for rational, civilized, non-dogmatic discussion of all important subjects of the moment. - Um espaço para discussão racional, civilizada, não dogmática de todos os assuntos importantes do momento.

Monday, May 20, 2013

Vacinação dos idosos

Luiz A. Góes

Venho há vários anos tomando a vacina contra gripe e também, quando disponível, a vacina contra pneumonia e contra tétano. Fazendo isso todos os anos consegui diminuir bastante as incidências de gripes e resfriados que me perseguiam constantemente. Comecei quando, de uma hora para outra, chamou-me a atenção o falecimento  por pneumonia de uma pessoa conhecida de certa idade que tinha ficado gripada e a gripe se agravou, levando-a a hospitalização infelizmente tardia.
E nunca tive qualquer problema com essas vacinas: nenhuma reação adversa.
Mas êste ano várias pessoas, entre elas parentes e amigos, acusaram problemas como indisposições, mal-estar, problemas estomacais, etc, e tive notícia de um amigo que chegou a ser hospitalizado.
Quando fui tomar a vacina, no posto de vacinação do Hospital das Clínicas em São Paulo, houve uma certa "chiadeira" por parte dos idosos que lá estavam porque as aplicadoras estavam nos fazendo tirar as camisas para livrar o braço direito, recusando-se a aplicar a vacina no braço esquerdo e sem livrar completamente o braço de qualquer vestimenta. Disseram que podiam surgir "problemas", sem dizer quais.
No entanto a propaganda televisiva mostrou repetidamente pessoas tomando vacina no braço esquerdo e sem ter que tirar a camisa. A única exceção foi o governador, que foi vacinado pelo ministro da saúde no lançamento da campanha: estava sem camisa e foi vacinado no braço direito.
Não sei se apenas por coincidência, ao perguntar onde os que tiveram problemas tinham tomado a vacina, verifiquei que tinha sido em locais diversos dos postos de vacinação oficiais. Teria havido, nesses locais, falta de obediência a cuidados exigidos que os postos oficiais respeitaram? Não deviam ter enfalizado essas coisas na campanha?

Friday, May 17, 2013

Morre Videla

Luiz A. Góes

Da página do Claudio Humberto de hoje, extrai o seguinte:
17/05/2013 | 11:04

Ex-ditador argentino morre aos 87 anos

Foto
JORGE RAFAEL VIDELA
O ex-ditador argentino Jorge Rafael Videla morreu nesta sexta-feira (17), às 6h30, de causas naturais, na Penitenciária Marcos Paz. Ele cumpria pena de prisão perpétua por crimes de lesa-humanidade. Videla, que tinha 87 anos, presidiu a Argentina no período de 1976 a 1981. Ele foi o líder do golpe de 24 de março de 1976. Quando a democracia foi restabelecida no país, em 1993, o ex-ditador e outros membros das juntas militares que governaram o país foram processados por crimes contra a humanidade. Videla foi condenado à prisão, mas acabou sendo anistiado no governo Carlos Menen. Porém, em 2003, Néstor Kirchner assumiu a Presidência do país, e revogou as leis de anistia em vigor. Com isso, Videla foi novamente processado. Em dezembro de 2010, ele foi  condenado à prisão perpétua. A pena, desta vez, teve de ser cumprida em cela comum e não mais em uma prisão militar.
Não vou discutir a questão da condenação dos ex-ditadores generais da Argentina, embora me pareça ter sido, em grande parte, revanchismo por parte dos esquerdopatas de lá, da mesma forma que os daqui querem condenar e encarcerar os acusados de terem praticado tortura. Acho que recorrer a tortura foi um enorme êrro, mas também acho que para condenar torturadores é necessário condenar também os que praticaram atos de terrorismo, os que estavam no outro lado da guerra que se desenrolou naquela época e que foi mantida mais ou menos longe do conhecimento do público por causa da censura à imprensa, - aliás outro êrro, que agora os esquerdopatas daqui também querem repetir, sob o nome de "regulamentação".
Mas não é possível deixar de observar que o que foi feito na Argentina, em têrmos de desrespeitar uma lei a fim de praticar a revanche, demonstra o nenhum valor que essa gente dá a leis e ao estado de direito. E jogar um velho em cela comum para ali mofar até morrer com 87 anos foi, sem qualquer dúvida, um ato de crueldade apenas para ser usado com fins eleitoreiros.

Monday, May 13, 2013

Reflexões sôbre doação de órgãos

Luiz A. Góes

Por ocasião do falecimento de parente próximo ainda relativamente jóvem, há umas três décadas, estive pela primeira vez em contacto mais ou menos direto com o problema de doação de órgãos, então ainda muito pouco difundida no Brasil e ainda menos discutida pela sociedade. De lá para cá as coisas vêm mudando e atualmente muita gente já ostenta na Carteira de Habilitação (a famosa "carta de motorista") a informação de serem doadores de órgãos, informação essa que será seguramente usada caso venham a sofrer acidente fatal.
É claro que a doação de órgãos representa um ato de suprema generosidade por parte do doador, esteja êle vivo ou morto, e que para o(s) receptor(es) pode representar a continuidade da vida que se encontra por um fio, ou do prolongamento da vida que se previa curta: um verdadeiro presente do céu, talvez o maiór depois da própria vida, que para os crentes provém de Deus qualquer que seja o caminho percorrido para chegar a ela.
Mas certos fatos do quotidiano em que vivemos impõem algumas reflexões, porque ao lado da generosidade dos doadores surge a ganância dos que resolvem fazer disso um meio de vida, seja simplesmente comercializando órgãos que de outra forma seriam doados gratuitamente, seja recorrendo a expedientes ainda mais criminosos para obtê-los, a ponto de essa prática destinada a salvar vidas se tornar uma séria ameaça às vidas de muitas pessoas. Os numerosos desaparecimentos de pessoas jóvens no mundo todo, mais notados em países onde o contrôle da criminalidade é mais rigoroso, está seguramente relacionado com esse comércio sórdido de órgãos que exige um fluxo mais ou menos contínuo de "doadores", embora involuntários.
Há, além disso, o grande problema do contrôle das instituições de saúde nas quais, de uma forma ou de outra, frequentemente pacientes se tornam doadores involuntários, vítimas daquela tênue linha que separa a luta constante pela vida até se esgotar a última esperança conforme o juramento de Hipócrates, e negligências voluntárias ou não que levam esses pacientes a cruzá-la sem possibilidade de volta.
Nos Estados Unidos numerosas instituições pesquizam as práticas de ética médica visando identificar exatamente esses aspectos, que sempre escapam à percepção dos leigos e talvez também à maiór parte dos que atuam nos próprios sistemas de saúde. E são numerosos os casos em que surgem dúvidas quanto ao rigor empregado no tratamento de doadores de órgãos, até mesmo casos em que pareceu ter havido uma espécie de "encomenda". Foi notável o caso de um político americano que precisava de um transplante múltiplo de órgãos e "coincidentemente" um jóvem residente em seu distrito eleitoral, portador de todos os órgãos necessários perfeitamente compatíveis com as características do tal político, foi mortalmente ferido em acidente de trânsito, salvando a vida do político que agradeceu profundamente à família enlutada. Não faltaram rumores de todos os tipos imagináveis a respeito dessa incrível "coincidência".
Parece-me que o sigilo dos dados médicos e de saúde de cada um continua sendo fundamental à proteção das pessoas contra possibilidades de virem a ser visadas como fontes de órgãos, embora isso, por si só, ainda seja insuficiente para evitar que qualquer um de nós venha a ser vítima de criminosos desse "setor".
E me parece que a doação de órgãos, embora louvável e benéfica, deva continuar a ser assunto dependente de permissões específicas a serem dadas pelos familiares imediatos dos falecidos, mesmo nos casos em que êstes tenham manifestado em vida o desejo de doar seus órgãos. Fazer constar na Carteira de Habilitação, ou de qualquer outra forma pública, que uma pessoa é doadora é uma verdadeira temeridade porque pode colocar a vida da pessoa em risco sem qualquer necessidade. E tornar a doação de órgãos obrigatória, como andam dizendo certos legisladores inconsequentes, uma idéia simplesmente absurda.